Tente imaginar o miado de um gato, o barulho de uma sirene ou a voz de um amigo chamando o seu nome. Conseguiu? Não? Então você tem o que é chamado de anauralia, a incapacidade de imaginar sons. O termo foi proposto por cientistas da Universidade de Auckland em 2021 e será tema principal de uma conferência australiana em 2025.
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O estudo faz parte das investigações sobre os mistérios do cérebro humano — segundo o professor Tony Lambert, da Universidade de Auckland, há um fascínio sobre como o cérebro conseguiria, ou não conseguiria, neste caso, reproduzir sons imaginários. E a capacidade pode ser mais importante do que você imagina.
A arte e a incapacidade de imaginar sons
Para alguns escritores, músicos e poetas, a imaginação pode ser um elemento-chave para o processo criativo. Escritores como Charles Dickens e Alice Walker relataram “conjurar” as falas de seus personagens na cabeça, ouvindo suas vozes, assim como fazem alguns leitores ao apreciar suas obras.
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Para Sang Hyun Kim, estudante da Universidade de Auckland, a ideia de ouvir vozes imaginárias na cabeça é insana — ele tem anauralia.
O pesquisador é um dos que têm mais curiosidade para saber os resultados de pesquisas sobre a imaginação auditiva: uma delas será a conferência “O Ouvido da Mente e a Voz Interna”, que acontecerá entre 14 e 16 de abril de 2025 em Auckland, Nova Zelândia.
No evento, indivíduos com anauralia e hiperauralia (quem produz imagens auditivas extremamente vívidas) deverão dar seus relatos pessoais. Há um gradiente: algumas pessoas conseguem recriar uma sinfonia inteira em detalhes, outras possuem uma habilidade mais fraca, enquanto muito poucas não possuem imaginação auditiva alguma.
Na Nova Zelândia, cerca de 1% das pessoas têm anauralia, geralmente acompanhada de afantasia, quando há ausência de imaginação visual. Aparentemente, não há um revés para a mente silenciosa, e estudos recentes sugerem até mesmo uma vantagem, já que a característica melhoraria a atenção.

Já a noção de um músico com anauralia seria impressionante — como alguém que não imagina sons os conseguiria produzir sem tê-los na cabeça antes? Eles provavelmente trazem, na mente, representações da música sem as qualidades sonoras, como os acordes escritos.
A pesquisa sobre imagens auditivas atraiu menos atenção da ciência do que imagens visuais, o que a conferência pretende mudar. Na Universidade de Auckland, pesquisas envolvendo neuroimageamento também estão investigando o tema, incluindo ressonâncias magnéticas, electromiografias da atividade muscular usada na fala e outras tecnologias.
No evento, também estarão presentes especialistas nas alucinações auditivas verbais e no campo de estudos literários cognitivos.
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